segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Abandono Aprendido - Learned Helplessness


O Abandono Aprendido ou Learned Helpelessness (AA), mencionado pela primeira vez em 1975, por um grupo de investigadores liderado por Martin E.P. Seligman, é hoje considerado um síndrome de défices cognitivos-afectivos-motivacionais, caracterizado por uma inibição da acção e sentimentos de desânimo, visando o evitamento de acontecimentos negativos, aversivos ou de fracasso, já previamente ou similarmente experienciados, em consequência da adopção de um estilo atribucional específico. Embora não se possa atribuir a esta variável sócio-cognitiva o monopólio da explicação do processo ela é, sem dúvida, um mecanismo psicológico (entre outros) constritor da liberdade individual e social.

(Adaptado de Aronson, Wilson & Akert, 1999)

O rapaz da figura acredita que a causa da sua fraca nota é estável (não ser inteligente manter-se-á para sempre), interna (o que lhe acontece deve-se a si próprio) e global (não ser inteligente afectá-lo-á noutras situações para além da Matemática). Este tipo de explicação, de estilo explicativo, leva à redução do esforço e inabilidade para a aprendizagem. A rapariga, por outro lado, acredita que a causa da sua fraca nota é instável (o professor fará um teste mais fácil e ela poderá estudar mais da próxima vez), externa (o professor fez um teste difícil de propósito) e específica (o que provocou a sua fraca nota não afectará mais nada, por exemplo a sua nota a Português). Assim, as pessoas, que explicam os maus acontecimentos desta forma mais optimista, estão menos propensos à depressão e mais aptos ao sucesso numa panóplia de tarefas.
Na vida, quando o pessimismo se instala e se explica a dura realidade por factores internos, estáveis e globais, ou seja, acreditando-se que as causas subjacentes à situação têm a ver com a sua própria falta de capacidade, que sempre foi assim e sempre assim continuará a ser, criam-se condições para a instalação do síndrome. Situação em que as pessoas não geram quaisquer estratégias protectoras e permanecem passivas perante as dificuldades.
Os estudos conhecidos apontam para que os grupos de maior risco são as mulheres de nível sócio-económico (NSE) baixo logo seguidas dos homens de NSE baixo (Ribeiro, 2001).

Poder-se-á assim dizer que a pobreza, o insucesso e, quiçá, a infelicidade não se resumem apenas à falta de meios, sendo também um problema individual de mestria, dignidade e auto-estima.

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