quarta-feira, 24 de março de 2010

Cinema - Sala Venepor

Avizinha-se mais uma sessão do Cineclube da Maia. Neste esforço dedicado ao final do mês, agradecemos ajuda na divulgação de uma actividade que construímos para a comunidade. Este mês vamos contar na Venepor com a presença de cerca de 700 crianças em várias sessões abertas às Escolas Primárias. A semana termina com a sessão regular que apresentará em conjunto com o filme parte do trabalho com elas desenvolvido em exposição. Pedimos a colaboração possível na divulgação da sessão:

Data/Hora: 27 de Março de 2010, 21h30

Preço: 3€ normal 1,20€ sócio

Filme:
Mar Adentro
Realização: Alejandro Amenábar
Argumento: Alejandro Amenábar e Mateo Gil
Com: Javier Bardem, Belén Rueda, Lola Dueñas, Mabel Rivera e Celso Bugallo
Óscares 2005: Melhor Filme Estrangeiro
Espanha 2004 125' cor 2.35 : 1 Dolby Digital

Sinopse:

Ramon Sampedro fora marinheiro e assim dera a volta ao mundo. A sorte deixou-o tetraplégico ainda jovem, preso num corpo inerte e inútil para ele. Tão incapaz de dar serventia à vida como de se desfazer dela. De lhe pôr um fim que fosse digno. De o fazer por escolha própria, sua enquanto indivíduo.

Um fim orgulhoso, autónomo, que não fosse um crime nem criasse um criminoso, antes uma solução para aquela existência que não conhecia finalidade. Que não conhecia outra razão para lutar ou outro futuro possível.


Ex
posição de trabalhos desenvolvidos com os alunos de Escolas Primárias do Agrupamento Gonçalo Mendes da Maia

domingo, 21 de março de 2010

HOMILIA, proferida pelo P. Leonel, 3º Domingo da Quaresma 2010, Capela de Fradelos, 7 de Março

Vamos repetir o mesmo erro, agora muito mais grave, como diz o Apóstolo, que os nossos pais, os filhos de Israel, cometeram diante do Rochedo? Apesar de haver sido em figura, e a realização apenas confirmada em Promessa, em aliança anunciadora de uma outra aliança, Nova Aliança, e já na Lei haver aquela pedagogia que devia conduzir o Povo até à chegada do Cristo, “tudo o que aconteceu aos nossos pais, os filhos de Israel, aconteceu-lhes e foi escrito para nossa instrução”. Sim, para nossa instrução, razão por que na sequência das leituras sempre começamos pelos livros do Antigo Testamento, nós que somos povo do Novo Testamento, “nós que tocamos o fim dos Tempos”.

Porque, apesar de ser em figura, e a realização só vir depois, “o Rochedo era o Cristo”, o Rochedo ferido na Cruz donde brotou, com grande espanto de quem viu e testemunhou... donde brotou Sangue e Água, a Água Viva como de uma fonte.

Num mar de símbolos se diz o Espírito Santo, a Santa Inspiração derramada em nosso coração, a Fonte aberta dentro de nós, a Fonte que nos sacia a Sede insaciável, a Fonte que jorra para a Vida Eterna, a Fonte que dentro de nós nos purifica permanentemente e que dá a cada Cristão, que é outro-Cristo, aquela auto-suficiência que o faz sobre-viver nas piores condições. Razão por que nenhum discípulo de Cristo pode, hoje, desculpar-se com os tempos maus ou com a mediocridade da sua Comunidade... Os Leigos não podem desculpar-se com os Padres, nem estes podem justificar as suas faltas de empenhamento com a apatia, a indiferença e o tédio que devora, como um cancro, as nossas paróquias, até porque isso, que foi o estado-das-Almas nos séculos XVIII e XIX e princípios do século XX, agora já não é verdade: hoje, nos dias que correm, Bernanos teria escrito um outro, muito diferente, Diário de um Pároco de Aldeia, depois do último Concílio Ecuménico.

O Regresso às Fontes renovou as Igrejas de lés a lés, imparável renovação que virou as costas definitivamente ao 2ºMilénio dos nossos descontentamentos, o milénio-da-Crise que no século XX se tornou de-todas-as-Crises... Deixemos para trás os enjoados, os revoltados, ou...os cães raivosos que nos oferecem cisternas rachadas, cisternas vazias, que nos desesperam a Sede e nos enganam a Fome.

É verdade que o ajuste- de-contas ainda não acabou, está longe de acabar. Durante muito, muito tempo ainda, o deve e o haver da Igreja nas suas relações com o Século, relações da Economia da Salvação, nos vai ocupar, e preocupar, tantas vezes ainda nos tirará o sono e assombrará os nossos Nocturnos. Mas é diante de Cristo que a Igreja se justificará: “Tiveste 5 maridos e...” E agora o que tens é o teu Marido, o teu verdadeiro Esposo? Igreja, minha mãe, deixaste definitivamente os teus amantes, tal como a Samaria, que se converteu a Cristo, deixou os 5 ídolos de Baal, Belzebu, o deus-das-Moscas?

É verdade que os teus Bispos já deixaram o tabuleiro do Xadrez, e os que não deixaram estão a ser chutados, assim como os teus Doutores estão a voltar para o Povo... Mas por vezes, entre nós, entre os Portugueses, pareces, Igreja minha mãe, ainda ter saudades dos Teres, Poderes & Saberes, que te fizeram perder a cabeça.

É preciso que a nossa comida seja a comida do Cristo Jesus que tinha mais que fazer do que comer à vista da fome das multidões que corriam para Ele, e à vista dos campos à espera dos ceifeiros para colher o fruto das Sementeiras. Não nos isolemos na auto-consolação quando o Povo precisa de quem o console, de quem o liberte das convenções que são prisões nos sítios que são estados de sítio.

sábado, 20 de março de 2010

Primavera...

Os Ninhos

Os passarinhos
Tão engraçados,

Fazem os ninhos

Com mil cuidados.

São p’ra os filhinhos
Que estão p’ra ter
Que os passarinhos
Os vão fazer.

Nos bicos trazem

Coisas pequenas,
E os ninhos fazem
De musgo e penas.

Depois, lá têm
Os seus meninos,
Tão pequeninos
Ao pé da mãe.

Nunca se faça
Mal a um ninho,
À linda graça
De um passarinho!

Que nos lembremos

Sempre também
Do pai que temos,
Da nossa mãe!

(Afonso Lopes Vieira)

sexta-feira, 19 de março de 2010

Faleceu o "Nosso Tavares"

O nosso camarada, militante da secção de Águas Santas, Tavares faleceu vitima de doença aos 59 anos.
Tive a oportunidade de conviver com ele na preparação da moção apresentada pelo Jorge Catarino, quando este foi candidato à Camara da Maia, em 2005.
Dele guardo na memoria a imagem de uma pessoa afável e tolerante.
Endereço um lamento de pesar aos familiares e um bem haja à sua memória.
António Espojeira

domingo, 14 de março de 2010

HOMILIA, proferida pelo P. Leonel, 2º Domingo da Quaresma 2010, Capela de Fradelos, 28 de Fevereiro

Tudo lá está. Tudo, isto é, todos. A Promessa, a Aliança, e os Profetas. Abraão, Moisés e Elias, com os Apóstolos que naquele momento ainda não compreendiam o que acontecia, e depois aconteceu. Sim, era difícil, muito difícil, compreender o valor em Cristo, por Ele e n’Ele, de cada um de nós, começando e acabando nos mais pequenos cuja figura, a verdadeira figura, exigia e implicava a Transfiguração e a nossa plena identificação com o Cristo Jesus.

Agora o sabemos, com o Pentecostes, depois da Inspiração que nos foi dada, tudo se tornou claro, quanto à figura, a real figura que temos, apesar da fraca figura que fazemos… Agora sabemos, pela Fé o sabemos, quanto valemos. Até à Páscoa consumada e ao Pentecostes acontecido, os Apóstolos e com os eles os Discípulos não entendiam, nem a Crucifixão nem a Ressurreição. Para eles a morte de Cristo era impensável, e a Ressurreição inimaginável. Foram dois choques, sopro e contra-sopro: o choque da morte e o choque da ressurreição do Cristo Jesus, qual deles o maior.


Uma das coisas que mais nos choca entre os Católicos portugueses é (ou era?) o grande valor que dão à Quaresma e a pouca (ou nula) importância que dão ao Tríduo Pascal e ao Pentecostes. A inteligência da Fé parece nula entre nós. Ainda não perceberam que, em Cristo, por Ele e com Ele, passámos da Morte à Vida. É o Mistério Pascal unicamente acessível à inteligência da Fé.


A Transfiguração de Cristo revela-nos, antecipadamente, a nossa real figura invisível aos olhos do Mundo que só consegue ver a triste figura com que aparecemos aos olhos de quem não alcança o “Mistério de Cristo, cuja largura e altura, profundidade e densidade, ultrapassam o nosso entendimento”.


Nos dias que correm, em que politicamente (e felizmente) já não temos o poder que tivemos e o lugar que ocupámos no Tabuleiro, um grande número de gente que descolou, e está a descolar, da Igreja, trata-nos como uma simples religião como outra religião qualquer, agora com muito respeito “democrático”, mas sem de facto nos levar a sério.


Este é o momento histórico para nos encontrarmos (ou reencontrarmos) finalmente com Aquilo que somos e fazemos, para ao chegar a hora de o dizermos não nos refugiarmos mais em subterfúgios. Não fomos postos no Mundo para agradar ao Mundo, mas para salvar, transformar o Mundo. Já passámos por situações parecidas, quando nos primeiros séculos avançámos no meio de uma enxurrada de religiões qual delas a mais bizarra. As gentes enganam a fome e a sede com qualquer coisa…


Ora, o Cristo e Nós n’Ele, por Ele e com Ele, é a chave da História. Que o diga Moisés e Elias, com os Apóstolos. A chave “que abre e ninguém fecha, que fecha e ninguém abre”. A figura que neste momento fazemos não deixa ver a Figura que temos, até porque há muita coisa na Igreja que nos desacredita, isto é, impede que vejam a Graça que há na Una e Santa, a Igreja católica e apostólica. Sim, apesar da síntese que o último Concílio Ecuménico fez num tempo que era de acomodação, muito boa gente altamente colocada tudo faz para nos agravar a triste figura… tentando parecer aos olhos do Mundo com uma simpatia conformada e conformista. O que de facto, entre os Santos, não corresponde à realidade, à real figura da Igreja.


Agradar ao Mundo? Não dá para agradar. Agradar com a Graça e a Verdade, que nos vieram pelo Cristo Jesus, sim. Mas, assim como a luz do Sol só entre nas casas cujas janelas se abrem, também a Graça só entra em quem tem fome e sede de Justiça.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Pequenas coisas...

O futebol não é o meu desporto preferido mas aprecio um bom jogo e acompanho, de longe, as dinâmicas (polémicas) do sector.

Talvez por isso, ao mesmo tempo que vou seguindo, pelo canto do ouvido, o jogo do Benfica com o Marselha, ocorreu-me a frase "humorista" que o actual treinador do Benfica proferiu - no dia seguinte à saída do FC do Porto da Champions - na conferência de imprensa que antecedeu o jogo de hoje na Luz: "Um bom resultado seria ganhar por 5-0".
São estas pequenas coisas que Portugal ainda tem, demais. A verdadeira crise radica aí!

quarta-feira, 10 de março de 2010

Crónicas da Sala de Espera

O jornalista Pedro Múrias lança hoje, pelas 18,30 horas, na Fnac do Chiado, o seu livro “Crónicas da Sala de Espera”, onde estão compiladas as crónicas que começou a escrever desde que lhe foi diagnosticado, com 45 anos, um cancro colo-rectal. Um testemunho impressionante de uma experiência única pela qual muitos e muitos passam em silêncio, em solidão.

Sigo no metro...em direcção ao Hospital de Santa Maria, onde vou finalmentecombinar as datas dos meus tratamentos de quimio e radio terapia…Ao meu lado duas estudantes a caminho da Universidade falam do novo single dos U2...
Um pouco mais à frente alguém dorme num dos bancos...
A carruagem segue meio vazia…Um homem parece rezar...
Imagino que o ouço, especulando que a oração antecipa uma visita a alguém próximo que o aguarda numa cama do hospital...
É então que invento uma espécie de delírio e visão...ouço-o…Pai Nosso que estais no céu…Tento-me, mas não o acompanho em pensamento…Antes… recordo a voz de uma das personagem do filme a "Barreira Invisível" de Terrence Malick…que vi este fim semana…
Na violência de uma batalha, travada corpo a corpo, um soldado pergunta-se:Esta maldade imensa…De onde terá vindo?(pausa)Imagino o que seria o diálogo entre o soldado americano e o homem no metro que reza…Pai Nosso que estais no céu…Ao que lhe responderia o soldado:
Como é que isto se imiscuiu no mundo?De que semente, de que raíz veio a crescer?Pai Nosso que estais no céu…Quem está a fazer isto?Quem nos está a matar? A roubar-nos a vida e a luz?!O metro pára…O homem que rezava segue viagem…Não vai visitar ninguém...Era talvez só eu que precisava que alguém rezasse por mim antes da enorme batalha que vou travar...Identifico-me com o soldado que interroga os céus, tentanto encontrar um sentido para a violência que vive e testemunha... Já no Hospital...detenho-me em frente de uma porta onde está escrito "Radioterapia"..."

terça-feira, 2 de março de 2010

HOMILIA, proferida pelo P. Leonel, 1º Domingo da Quaresma 2010, Capela de Fradelos, 21 de Fevereiro

Um número incontável de tradições ao longo de séculos colou-se à Igreja, mas não precisamos de nos preocupar excessivamente com todo este folclore que só engana quem gosta de ser enganado. Desde o entrudo (entrada burlesca), que foi um produto judaizante das práticas viciadas do A.T. com os seus jejuns e abstinências que nos trouxeram o Carnaval (Carne vale! Adeus, ó carne!) seguido de Quaresmas carregadas de hipocrisia que o nosso Mestre clara e corajosamente combateu entre os Judeus, falsas práticas de falseadas quaresmas enganaram muita gente sobre o verdadeiro sentido da penitência que os Santos sempre compreenderam como exigências da Metanóia, conversão e reformação eficazes face às deformações tantas vezes acumuladas.

O regresso dos Catecúmenos, pela iniciação de Adultos em-Cristo e na-Igreja, se encarregará de renovar a Quaresma na sua verdadeira função, capaz de restituir à celebração anual da Páscoa, que se projecta no Pentecostes, o sentido cultural e pastoral autêntico.

Que foi o Cristo Jesus fazer ao Deserto onde durante 40 dias (quadragésima > Quaresma) enfrentou as causas do Desastre que fez da Terra, criada para ser um paraíso, o Inferno e a des-Graça que ainda hoje reinam entre as pessoas e as nações? Sim, foi denunciar as verdadeiras causas do mal-do-Homem: a Idolatria mãe de todos os males, e diante da qual o povo de Israel tantas vezes sucumbiu no Sinai onde durante 40 anos se enterrou e à qual durante a sua complicada história repetidamente sucumbiu.

A tentação do Pão, a tentação do Ouro. e a tentação da Vaidade. As guerras do Pão, as adorações do Dinheiro, e as pompas do Mundo. Mentiras, que é preciso afrontar e enfrentar, para as desmascarar, na sua máxima fabulação histórica: Satanás, ou o Diabo, pai de todas as mentiras, ele próprio a maior mentira, mentira histórica, expressa na Idolatria, a mãe de todos os males, que nos perturba o acesso aos Bens criados para o nosso Bem.

A Idolatria começou logo pelo falso conhecimento, a Gnose-de-nome-mentiroso, o saber sem sabedoria, isto é, a ciência sem consciência, que inventou as máquinas de guerra em cultos e culturas de Morte, desertificação da Terra que nos foi dada para fazermos o Paraíso, e que, além de ter reduzido tudo a cinzas e a um deserto, instaurou entre as pessoas e as nações a Lei da Selva: nos dias que correm uma lixeira imensa que envenena os próprios alimentos da Vida. Nos dias que correm, de caras, na mais cruel das constatações e detecções, o poder do Dinheiro que põe toda a gente de rastos e que nos arrasta para o Desastre final à vista, aí está a envenenar a própria Economia, impedindo-a de usar os Meios, que se multiplicam a esmo, à luz dos Princípios e dos Fins. É a 25ª Hora? A hora depois da qual já não há tempo para remediar seja o que for?!... Se assim é, se assim fosse, é ou seria a hora de levantarmos a cabeça, a hora (que ninguém sabe, ninguém conhece) da Vitória Final. A Graça tem outras horas, as horas da Graça, todas da Fé e da Esperança, do Amor que é mais forte que a Morte!

Agora, nesta hora, trata-se de abrir os olhos e de estender as mãos para experimentar e verificar o Estado do Mundo. Diante de nós estão as relíquias desgraçadas do Desastre, visíveis no Deserto, à vista desarmada: as cinzas do Desastre, por onde Israel passou mas não percebeu, e que à Igreja foi eloquentemente explicado no meio da aridez pelo Cristo Jesus naqueles 40 dias, aquela 1ª Quaresma (quadragésima ou quarentena) que iniciou as vitórias que ao povo do Novo Testamento arrancou hossanas de glória, de vitória em vitória até à Cruz, a bandeira da Vitória Final que demoliu o Muro do Ódio e rasgou o decreto da nossa condenação, vitória consumada pelo Cristo Jesus e a estender ao Mundo inteiro nos e pelos membros do seu Corpo, corpo de Cristo, a Igreja de que Ele é a cabeça, Ela que é a plenitude d’Aquele que preenche tudo em todos. Desde as Cinzas aos Ramos, e dos Ramos à Ressurreição, vamos viver a intensidade da Páscoa de Cristo. Quem hoje não vibra já com a vitória de Cristo sobre as mentiras do Século? É a hora de cantar já vitória: Hossana!

Com um coração renovado, na noite e no dia de Páscoa, que inaugura o 8ºDia, o primeiro dia de uma Nova Criação, cantaremos Alelúia! Desde o Hossana! ao Alelúia! vai já toda a alegria das sucessivas vitórias dos Santos, que passaram das Trevas à Luz, do Pecado à Graça, da Morte à Vida. Ressuscitaremos novos do Desastre!